Água Salgada - Fichas - Informações - Dados Gerais

As Aiptasia - Tão graciosas como invasoras

Os meus primeiros contactos com aquários de água salgada foram há já alguns anos, na Damaia, aquando de uma visita à Ruimar, onde ainda funcionava aquele aquário que para mim era o maior de todos os que tinha visto ou imaginado e onde tive o prazer de conhecer um dos proprietários, o sr Rui.

Depois e se a memória não me atraiçoa, encontrei mais aquários de água salgada no Aviário Paraíso (nessa altura na R José Falcão) e um pouco mais tarde, já nos anos 80, na Foz, na Vending-Pai.

Foi neste último que me decidi (ou me convenceu) a montar um aquário de água salgada ... As primeiras tentativas aliadas à pressa de querer de tudo um pouco no aquário redundaram em fracassos sucessivos que me deixavam uma sensação de derrota ... mas era só falta de consideração pelos meus amigos de barbatanas!!!

E quase todos nós passamos por estas situações de querer mudar de água doce para água salgada, de gupis para discus, apesar dos sucessos ou dos insucessos que nos vão aparecendo.

Pior ainda quando não conseguimos informação adequada para resolver os problemas que nos surgem e depois, anos mais tarde (pois que na altura não havia info mania nem info dependentes, por falta de meios) aquele hábito da net e das “verdades da net”: o que lá está reina acima de toda ou qualquer hipótese de racionalidade ... seja de boa ou de má qualidade!!! 

Adiante ...

Um exemplo deste pequeno terrorista

Foi por acaso que decidi escrever sobre aquelas pequenas e belas anémonas, tão bonitas quanto indesejáveis, que são as Aiptasia. Já há algum tempo que um amigo de longa data, que não vos digo quem é, me andava a falar de um problema que tem num dos seus aquários de água salgada com estes habitantes que já quase não o deixam dormir ... E como se não bastasse encontrei-o na Batalha, na já extinta Aquadecor, e lá veio à conversa a colónia de Aiptasia e as várias tentativas, até agora frustrantes, de as eliminar do aquário.

O meu primeiro encontro com estas pestinhas foi no aquário da sala de entrada da Orni-Ex. Apareceu uma, depois outra e por aí fora. Lá fui buscar livros e revistas, experimentei algumas das ideias e pelo meio apareceu o Engº / Dr. Paulo Rema que me sugeriu uma subida substancial do potencial redox (que foi para cerca de 575mV) e passados alguns dias elas desapareceram. Fiquei satisfeito mas ao mesmo tempo insatisfeito por não ter percebido muito bem o que se tinha passado, pois houve uma série de factores (dos quais não vale a pena falar agora, como por exemplo do filtro de fundo que está instalado no aquário) que ocorreram em simultâneo e não concluí se tinha sido por uma coisa ou por outra ou se por todas ao mesmo tempo.

Assim e apoiado num estudo de Alf J. Nilsen que me pareceu, até à data, o mais elucidativo (e ao mesmo tempo pouco maçador) e com soluções ao alcance de qualquer um, algumas um pouco difíceis e outras tão simples que nem delas nos lembraríamos, vou tentar resumir todas as informações que achei mais interessantes e misturá-las com algumas das experiências que passaram por mim, ou melhor pelos aquários que estavam sob o meu cuidado ... 

Não é de todo difícil encontrar aquários de água salgada em casa de amigos, ou mesmo no comércio da especialidade, com montes de algas filamentosas e entre estas, estranhos pólipos transparentes muito bonitos oscilando ao sabor das correntes. Mesmo, na opinião de alguns (eu inclusive), muito bonitos. Só que apesar de todo o seu encanto, estas pequenas anémonas são hóspedes indesejáveis!! chegando a ser uma praga nos aquários de recife, invadindo-os sem que nos pareça possível eliminá-las e queimando corais.


Então o que é que são, afinal, as Aiptasia? Porque é que estas pequenas anémonas crescem e se propagam tão ràpidamente no aquário? O que fazer para as controlar?

Uma pequena abordagem biológica

As Aiptasia (género Aiptasia) são anémonas (filo Cnidaria, ordem Actiniaria) que pertencem à família dos Aiptasídeos. As Aiptasia spp. são comuns nas águas baixas e ricas em nutrientes. O número de espécies existentes, distribuídas um pouco por todo o mundo, é desconhecido, mas a maioria vive em águas quentes ou temperadas. A lista compilada em 1949 por Oscar Carlgren apresenta 12 espécies, mas é necessária uma revisão desta matéria pois existem provàvelmente muitas outras para além destas descritas neste trabalho. Assim usarei a designação Aiptasia spp. neste artigo, evitando qualquer referência à identificação da espécie, até porque também me obrigaria a uma maior pesquisa e a mais telefonemas para a Universidade de Trás-os-Montes.

As Aiptasia têm um corpo longo e liso; o disco superior tem um diâmetro variável, de um a poucos centímetros; os tentáculos são longos. símplices, lisos, quase sem proteção e nascem da parte externa do disco superior. A coloração habitual é a cinzenta escura ou a castanha, devido à presença das algas simbióticas (zooxantelas). As anémonas alimentam-se dos produtos orgânicos das zooxantelas mas também capturam plâncton e partículas de comida. Em condições favoráveis (luz intensa e água bem movimentada com partículas orgânicas em suspensão) a taxa de crescimento / multiplicação, pode ser muito elevada, um fato já comprovado por muitos entusiastas experientes da aquariofilia marinha!

Nos aquários (e provàvelmente também na natureza) as Aiptasia reproduzem-se assexuadamente por divisão do pé, onde surgem pequenos pedúnculos de tecido que se libertam espontâneamente. Passadas uma a duas semanas, em cada filhote desenvolve-se uma boca e pequenos tentáculos e estes começam a alimentar-se com partículas de comida. As Aiptasia também se podem multiplicar libertando ‘rebentos’ que, como os pedúnculos originados pela laceração do pé, são clones (cópias genéticas) do indivíduo adulto. Estes libertam-se e rastejam ou são transportados pelas correntes dispersando-se por todo o lado.

As Aiptasia no aquário

As Aiptasia aparecem nos nossos aquários sempre à boleia, em grupos ou isoladas, na rocha viva ou no pé de algum coral, sem que sejam detetadas. É muito difícil, se não impossível, descobrir os exemplares mais jovens: há que procurar uma roseta de tentáculos transparentes disfarçada num qualquer pequeno orifício de rocha ou de coral.

Em alguns aquários, as Aiptasia reproduzem-se ràpidamente formando populações numerosas e pràticamente incontroláveis , enquanto que noutros tal não acontece não havendo sinais de reprodução. E então como é que isto se pode explicar? Provavelmente por muitas razões.

A primeira e a mais óbvia, na maioria dos casos de aquários de recife, é a falta de predadores naturais das Aiptasia. Na natureza são comidas por muitos peixes (como alguns Chaetodontídeos e Pomacantídeos) e por alguns moluscos e crustáceos. Os peixes que se alimentam de corais, geralmente existem exclusivamente nas barreiras de corais, vão depenicando e comendo os pólipos e as Aiptasia, mas também comeriam corais nos nossos aquários.

A segunda é que a propagação das Aiptasia pode também variar com o teor de nutrientes da água. Um ambiente rico em nutrientes e detritos parece ser o mais favorável para uma rápida proliferação. É um facto que o teor de nutrientes (concentrações de nitratos e de fosfatos) na maioria dos aquários marinhos é muito mais elevado do nas águas das barreiras de recife.

Uma terceira razão pode ser a luta pelo espaço. Todos os animais necessitam de espaço e lutam pelo seu território, tanto em liberdade como em cativeiro. É uma guerra química! Num aquário densamente povoado por corais ou Cnidarídeos, as Aiptasia têm uma vida dura para conseguir espaço, áreas livres sobre a superfície da rocha viva. Os nematocistos das Aiptasia são muito potentes. Este factor aliado ao corpo comprido, fino e flexível e tentáculos ondulantes faz destas anémonas umas vencedoras na luta pelo espaço no aquário.

Um outro (e óbvio) motivo do sucesso das Aiptasia nos nossos aquários são as suas variadas estratégias de reprodução que já referi anteriormente. Usufruir de sistemas reprodutivos assexoados – para além dos sexoados – é a forma perfeita de assegurar a sobrevivência da espécie.

Mantê-las sob controlo

Será que consegue controlar a população de Aiptasia no seu aquário? A resposta a esta questão é “Sim!” seguido de “mas não é fácil!”. São três os métodos de controlo: mecânico, químico e biológico.

O controlo mecânico implica a remoção física das anémonas, deveras complicado. Se há Aiptasia sobre um pedaço de rocha viva, este deve ser retirado do aquário ràpidamente. Deixamo-lo ao sol alguns dias e depois enxaguamos com água doce. Pode depois ser utilizado como decoração morta. Este tratamento, com remoção da rocha viva e consequente deterioração, não é uma solução que se possa aconselhar. E, em caso algum, não deve tentar arrancar ou esmagar as Aiptasia! Uma anémona mesmo muito danificada, pode regenerar-se originando uma nova anémona. Assim, não as elimina e acabam por aparecer ainda mais anémonas.

O controlo químico é um pouco arriscado, mas pode funcionar, se utilizado em particular nos primeiros exemplares detectados. Este tipo de actuação é levada a cabo com a injecção de substâncias químicas directamente nas anémonas, utilizando uma seringa com agulha. Alf Nielsen afirma ter sido bem sucedido com a injecção de três substâncias: uma solução saturada de hidróxido de cálcio – Ca (OH)2, água de cal; hidróxido de sódio – NaOH, vulgo soda cáustica, que como o hidróxido de cálcio é fortemente básico e ácido clorídrico (HCl) a 5%, elemento muito ácido. Teòricamente poderíamos também utilizar sulfato de cobre (CuSO4), mas nunca num aquário com invertebrados pois o cobre é um metal pesado que se espalhará na água do aquário, sendo fatal para os mesmos.




Uma pequena seringa, com um volume de 2 a 5ml é o ideal, tendo sempre em atenção que as agulhas são muito finas e é muito difícil evitar umas picadelas ... recomendo o máximo cuidado no seu manuseamento. Devem lavar todo o material em água doce, corrente, depois de utilizado.

As injecções devem ser dadas no disco central das anémonas, de modo a que os produtos químicos encham o corpo do animal. Isto provoca geralmente a contração das anémonas que passado pouco tempo se desfazem. Eliminar grandes quantidades de anémonas desta forma é muito trabalhoso e ao mesmo tempo desaconselhável pelo facto de provocarmos desequilíbrios iónicos na água com excesso de injeções. Para além disso haverá muitas anémonas em locais de acesso impossível.

Outras anémonas infestantes como as Anemonia sp. e as Thalassianthus aster (também capazes de se multiplicarem nos aquários criando populações invasoras), podem à partida ser controladas quìmicamente.

Uma outra forma química de combater as Aiptasia é a aquisição de produtos comerciais específicos, com a indicação de que as combatem selectivamente, bastando adicioná-los na água do aquário. Não experimentei nunca este tipo de tratamento mas uma das regras básicas do Sr Nilsen é não adicionar compostos químicos desconhecidos nos aquários de recife.

O combate biológico

O combate biológico é o que mais se assemelha ao controlo de propagação das Aiptasia na natureza. Para isso introduziremos no aquário organismos que se alimentam destas pequena anémonas, que limitarão ou inibirão a sua expansão. Um método muito eficaz mas que apresenta algumas contrariedades quase que óbvias: a primeira é que é muito difícil de encontrar organismos que se alimentem exclusivamente de Aiptasia. De facto, muitos dos predadores dos nosso inquilinos também se alimentam de outros animais, como dos Hidrozoários, de anémonas coloniais e pequenos pólipos Madreporários.

O mais selectivo dos predadores das Aiptasia é provàvelmente o Berghia verrucicornis do Mar das Caraíbas. Este pequeno (não passa dos 35mm) nudibrânquio branco alimenta-se exclusivamente das Aiptasia acumulando e utilizando as algas simbióticas das anémonas nos seus próprios tecidos. Mas, o tal ‘mas’ que aparece quando não é preciso, é quase impossível de encontrar no mercado da aquariofilia, apesar de aparecer nas listas de alguns exportadores americanos. Os Nudibrânquios são muito sensíveis e a aclimatação aos aquários deve ser extremamente cuidada. Consegue-se a sua reprodução em cativeiro mas com muito esforço e um empenho notável por parte do aquariófilo, em ambientes muito limpos e praticamente esterilizados.

Berghia verrucicornis

Aficionados e associações de aquariofilia tentam dar vida a este projecto de reprodução deste Nudibrânquio. Muitas informações e numerosas referências, do Dr S.C. Kempf e do Dr D.J. Carrol, relativas à criação do Berghia verrucicornis estão disponíveis no quarto volume da edição “The Modern Coral Reef Aquarium” (Fosså & Nilsen; Birgit Schmettkamp Verlag) que penso já está disponível no nosso mercado.

E vamos lá meter mais um ‘mas’ no meio disto tudo: se o Berghia verrucicornis se alimenta exclusivamente de Aiptasia, quando estes pequenos monstros acabarem, o Nudibrânquio começa a passar fome. Por outras palavras deveremos assegurar que haja sempre comida para os Berghia. Este potencial problema pode ser resolvido mantendo um aquário separado com uma cultura de Aiptasia. O outro lado engraçado desta situação é que já referimos a dificuldade na manutenção destes animais em cativeiro e o Berghia verrucicornis revelou-se uma das poucas espécies que consegue sobreviver. Aliás um aquário específico só com Aiptasia e Berghia é só por si uma atracção.

Nudibrânquios ou Camarões?

O camarão Lysmata wurdemanni é talvez o melhor dos predadores das Aiptasia. Apesar de conseguir alimentar-se de outras coisas para além das Aiptasia, o facto de ser relativamente comum faz deste camarão uma óptima escolha para muitos aquariófilos se comparado com o Berghia verrucicornis. O Lysmata wurdemanni está distribuído pelo Atlântico ocidental, de New Jersey até ao Brasil. É uma espécie muito próxima do Lysmata californica que vive no Pacífico oriental e que é em quase tudo idêntico ao wurdemanni mas difícil de encontrar no mercado.



O Lysmata wurdemanni é um camarão que não come pólipos de coral. Muitas vezes quando não encontra Aiptasia, alimenta-se de parasitas dos peixes que fazem parte da sua alimentação natural. Quando em cativeiro também aceita alimentos de substituição como flocos, plâncton congelado ou liofilizado.

É uma espécie noturna e daí que a caça às jovens Aiptasia seja feita pelo Lysmata wurdemanni nos períodos de escuridão. A selectividade dietética da espécie varia de exemplar para exemplar, provàvelmente dependendo da proveniência e dos hábitos adquiridos enquanto em cativeiro após a captura. Há informações de que os exemplares capturados na Florida consomem mais Aiptasia do que os de outras regiões. Pode também ocorrer uma mudança de hábitos alimentares e levar a que os Lysmata se alimentem de Aiptasia enquanto estas estão disponíveis, e, se estas desaparecerem procurarem outra alimentação. Daí que seja importante a observação destes camarões e registar os tipos de alimentos que consome, O Lysmata wurdemanni é territorial mas precisa de pouco espaço e um aquário de dimensões médias pode albergar alguns indivíduos.

Há também alguns peixes que são potenciais predadores de Aiptasia mas nenhum deles o faz selectiva ou exclusivamente. Nos princípios da aquáriofilia o Chaetodon kleinii era muito utilizado na luta biológica contra as Aiptasia (é talvez o mais resistente de todos os Chaetodontídeos). Alimenta-se de facto das Aiptasia mas tem a tendência de alterar os hábitos alimentares procurando vermes tubícolas e pólipos de corais. Há no entanto relatos de muitas reproduções de Chaetodon kleinii bem sucedidas sem qualquer tipo de referência a danos sérios causados nos corais.


O Chaetodon lunula pertence à mesma categoria dos Chaetodon kleinii mas não conheço nem tive acesso a relatos que possa levar à conclusão de que é predador de Aiptasia.


Um outro caçador de Aiptasia é o Chelmon rostratus: alimenta-se de Aiptasia mas também de outros invertebrados. A boca está particularmente preparada para retirar alimento de pequenas cavidades e furos, estando já comprovada a eliminação total de Hidrozoários e vermes tubícolas em aquários por estes peixes que também atacam Madreporários e corais moles.



Qual é a conclusão?

A conclusão? Muito difícil de definir, tanto quanto a complexidade da questão!

Se nos depararmos com uma invasão de Aiptasia que já tapa ou cobre a decoração do aquário, aconselho (apesar de não ter conseguido arranjar nenhum!!!) o controlo biológico com o Berghia verrucicornis e com o Lysmata wurdemanni em simultâneo (e à falta de uma das espécies, só com a outra).

Se o aquário é novo e queremos eliminar as Aiptasia, aconselho a remoção física ou química dos exemplares descobertos e depois a introdução de um grupo de exemplares de Lysmata wurdemanni como hóspedes residentes do aquário.

A troca de informações ou resultados obtidos é muito importante: contem-nos as vossas experiências nas tentativas de controlo das Aiptasia nos vossos aquários ... e ...

Boa sorte!!!



buarquesense@live.com.pt



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Radianthus malu
 

Pesquisa, Tradução e Adaptação: Buarquesense

Foto: Jacques Teton
Foto: www.todomarino.com
Visão sistemática:
Ramo: Celenterados;
Sub-ramo: Antozoários;
Classe: Hexacoraliário;
Ordem: Actiniário;
Família: Stoichactis;
Género: Radianthus;
Espécie: malu.
Nomes comuns: Fr.: Anémona simbiótica, Anémona do palhaço; Ing.: Anémona simbiótica marinha; Al.: Anémona marinha simbiótica.

Distribuição geográfica:
A espécie encontra-se na maior parte do Indo-Pacífico tropical assim como no Mar Vermelho.Meio Ambiente: O animal vive nos recifes coralinos, anichando-se nas anfractuosidades rochosas, até aos 25m de profundidade. A coloração devida à presença de Zooxanteles varia por consequência das mesmas. 

Descrição: 
O pé da anémona atinge 7cm de comprimento, estando esta parte do corpo geralmente fixada de forma profunda numa anfractuosidade do substrato. Prolonga-se depois pela parte bocal, que forma um disco podendo atingir 40 a 50cm de diâmetro. A parte inferior do disco é revestida de ventosas que permitem que o animal se fixe fortemente ao substrato. A parte superior está como que atapetada de tentáculos que podem atingir os 6cm de comprimento. A ponta destes é, geralmente, violeta. Esta coloração aliada à presença das Zooxanteles é, em parte, indicadora do estado de saúde da anémona. 

Manutenção em Aquário: 
Como todos os Stoichactis, a Radianthus malu é particularmente sensível à qualidade da água e da iluminação. De uma certa forma as Zooxanteles são capazes de sintetizar os Nitratos em alimento, desde que a concentração destes na água seja baixa (-10mg/l). Esta capacidade não deve induzir os Aquariófilos em erro, pois que acima de uma acidental concentração de 100mg/l de NO3, o animal começa a esvaziar-se, depois reenche-se com água, sem parar, tentando eliminar o excesso de NO3. Esta manobra também é efectuada da mesma forma, quando outras substâncias tóxicas se dissolvem na água (por exemplo na presença do Sulfato de Cobre). Se a água não for depurada não se pode em nenhum dos casos esperar que o animal sobreviva. De notar que uma taxa de 200mg/l de NO3 é imediatamente fatal para a anémona. Pelo que devem adquirir bons testes para água salgada. Não podem esquecer: 



O segundo factor para a boa manutenção do animal é a iluminação. Este factor é indispensável à sobrevivência das zooxanteles e concretamente à sobrevivência da anémona. O terceiro ponto vital consiste numa excelente movimentação da água. Como não é viável, evidentemente, recriar correctamente o fenómeno das marés num aquário, convém no entanto, criar uma circulação de água bastante forte. Para facilitar a fixação definitiva da anémona, convém, com a ajuda de algumas rochas e corais, criar o maior número possível de esconderijos, principalmente nas zonas de água mais agitada. A temperatura pode variar entre os 22º e os 28ºC e a densidade entre 1023 e 1027, desde que as oscilações ocorram lentamente.

Alimentação: 
A Radianthus malu prefere uma alimentação planctónica, mas aceita bem alimentos de substituição; enquitreídeos, esmagado fino de mexilhão, camarões com casca, fígado e peixe. Há sobretudo neste aspecto um factor a respeitar: evitar a sobrealimentação.

Nota: 
As simbioses naturais concretizam-se em limites bem definidos: cada espécie de anémona simbiótica vive, na natureza, com espécies bem definidas de peixes palhaço. A Radianthus malu em referência não suportará peixes tumultuosos como o Amphiprion clarkii, A. Frenatus, A. Chrysopterus. Estes peixes têm uma tendência sórdida de mergulhar violentamente na sua anémona e aí se agitarem com vigor. Nós denotamos um comportamento mais calmo no A. Ocellaris e A. Percula bem como no Premnas biaculeatus. Este último peixe em particular parece que é perfeitamente conveniente para uma co-habitação simbiótica com a R. malu.


Referência: Jean Claude Ringwald




buarquesense@live.com.pt



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Lysmata grabhami – Camarão Lysmata



Pesquisa, Tradução e Adaptação: Buarquesense

Magnífica coloração do Lysmata grabhami - Foto: © www.recif-france.com 
Resumo sistemático: Classe: Crustáceos; Ordem: Decápodes; Família: Hipolitídeos.
Género: Lysmata; Espécie: grabhami.
Nome científico: Lysmata grabhami, Gordon 1935.
Sinónimo: Hippolysmata grabhami, Gordon 1935.
Nomes comuns: camarão limpador.

À esquerda: Lysmata grabhami (linha central contínua).
À direita: Lysmata amboinensis (linha branca central, interrompida no pedúnculo caudal).

Distribuição geográfica: 
Encontra-se em todas as costas tropicais e já foi visto no Mediterrâneo, em Creta. Meio ambiente: Blocos coralinos, anfractuosidades, grutas e pedras inclinadas onde se esconde tranquilo de pernas para o ar. Conhecido por desparasitar os peixes (limpesa simbiótica); vive por vezes na companhia de outros camarões limpadores (Stenopus hispidus).

Na Natureza, o Lysmata grabhami está enfeudado numa gruta ou anfractuosidade onde espera a visita dos ‘ clientes’ para a limpeza. Os Peixes a ela se entregam espontânea e regular de modo a confiar-lhes a eliminação dos incómodos parasitas, ou para a limpeza de pragas nosseus corpos.

O nome da espécie, grabhami, é dedicado ao Dr. M. Grabham que forneceu o primeiro exemplar.

O comportamento é muito similar: vivem aos pares, ou em grupos de várias dezenas de indivíduos. A esperança de vida ronda os 3 anos.

Comportamento: Intra específico: pouco agressivo, aceita viver em pequenos grupos (na mesma gruta, por ex.). Inter específico: compatível com os outros camarões tropicais que lhe possamos juntar sem problemas.

Descrição: Atinge 7cm de comprimento; encontramos geralmente no comércio jovens com 3 a 4cm. Coloração característica: dorso vermelhão, uma banda dorsal branca da cabeça à base da cauda; flancos e parte ventral de amarelo a ocre, 3 pares de ‘antenas’ brancas (de facto 2 pares de maxilares correspondem às anténulas A1 e 1 par às antenas A2); o último par de apêndices peribocais (maxilipédios) é também branco e bem desenvolvido (função táctil?). Os 5 pares de patas são amarelos; o primeiro tem pinças, o segundo, muito móvel, serve para a higiene e a procura de comida, os outros são locomotores. 5 pares de patas nadadoras sob o abdómen. Rostro com 5 a 7 dentes em cima, 4 a 6 em baixo.







Na foto à esquerda: Lysmata amboinensis

(J. Teton)












Alimentação: Aceita uma grande variedade de alimentos. Alimenta-se quer de partículas em suspensão como arrancando pequenas porções em bocados de maior dimensão (bocados de peixe, mexilhão, ameijoa ... ). Ou


Doenças: o L. grabhami é robusto com condições ambientais correctas. Não conhecemos as doenças que podem afectar os camarões; pode ser alguma mortalidade devida a parasitoses que não conseguimos detectar.

                                                  Moreia castanha (Gymnothorax unicolor); Camarões limpadores (Lysmata grabhami)

Manutenção em aquário: Pode viver num pequeno aquário se este não estiver sobrepovoado. Água bem oxigenada e renovada (mudanças de água frequentes). Aprecia uma vegetação abundante (Caulerpa, algas filamentosas) e as rochas vivas pois aí poderá encontrar microorganismos como complemento do alimento que lhe é distribuído. Bem alimentado o L. Grabhami cresce depressa; ele muda então regularmente a cada 15 dias, mais ou menos (rejeita a velha ‘carapaça’, para fabricar uma nova e maior); pode atingir o tamanho adulto (5 a 6cm) em alguns meses. A longevidade ronda os 2 a 3 anos.

Reprodução: Hermafrodita proterandrico (o mesmo indivíduo apresenta os 2 sexos; primeiro macho depois fêmea). As fêmeas (animais maiores) são fecundadas apenas uma vez na vida; o esperma é conservado e fertiliza todas as posturas posteriores. A desova acontece imediatamente antes da muda seguinte (a incubação dura cerca de 15 dias). As larvas crustáceas são planctónicas e provàvelmente herbívoras no início (algas unicelulares) e tornam-se carnívoras nos estádios seguintes. A sua criação não foi conseguida até à data.

Notas particulares: Na presença de peixes, o camarão mostra o seu comportamento de limpeza: observação minuciosa e eventual desparasitação do ‘cliente’; ele pode mesmo subir para cima do peixe. As antenas têm um papel importante no contacto e nas comunicações com o peixe limpo. Se bem que os camarões gozem de algum tipo de imunidade com os peixes, podem acontecer acidentes aquando da sua introdução. Para os evitar, introduzir indivíduos com bom tamanho, se possível mantidos noutro aquário, por ex:, e de preferência durante a noite, para evitar que o seu comportamento anormal desperte o apetite dos peixes.



Referência: D. Buon & P. Louisy; www.aquaportail.com/;


buarquesense@live.com.pt


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